Trump sobre Gaza: 'Forma mais rápida de acabar com crise humanitária é Hamas se render'
31/07/2025
(Foto: Reprodução) Trump contradiz aliado Netanyahu e diz que há fome em Gaza
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que o grupo terrorista Hamas precisa de render para que a crise humanitária na Faixa de Gaza seja interrompida em um post na rede Truth Social nesta quinta-feira (31).
"A forma mais rápida de acabar com crise humanitária em Gaza é o Hamas se render e libertar os reféns", afirmou.
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Pouco depois do post do presidente, o Departamento de Estado dos EUA anunciou que estava impondo sanções a membros da Autoridade Palestina e da Organização para a Libertação da Palestina, alegando que os grupos estão minando os esforços de paz.
A medida impede que os alvos recebam vistos para viajar aos Estados Unidos, afirma o comunicado. "É do nosso interesse de segurança nacional impor consequências e responsabilizar a OLP e a AP por não cumprirem seus compromissos e minar as perspectivas de paz."
O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa após assinar a Lei de Reforma do Programa de Empréstimos Imobiliários na Casa Branca, em Washington, D.C., EUA, em 30 de julho de 2025.
Reuters/Evelyn Hockstein
Nesta quinta, o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, foi a Israel e se encontrou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em uma tentativa de salvar as negociações de cessar-fogo em Gaza.
As negociações indiretas de cessar-fogo entre Israel e o grupo militante palestino Hamas em Doha terminaram em impasse na semana passada, com as partes trocando acusações pelo impasse e pelas lacunas restantes sobre questões como a extensão da retirada das forças israelenses.
De acordo com uma fonte anônima da agência, Israel enviou uma resposta às últimas emendas do Hamas a uma proposta dos EUA que prevê uma trégua de 60 dias e a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos nesta quarta-feira (30).
Horas depois do post de Trump, o Hamas se pronunciou. Afirmou que a "resistência palestina não cessará até que a ocupação termine" - referindo-se à presença do Exército de Israel na Faixa de Gaza - e que o grupo está pronto para "resolver a questão dos reféns dentro do acordo de cessar-fogo".
Trump falou de fome em Gaza há dois dias
Na segunda-feira (28), ao ser pressionado por repórteres sobre os relatos da ONU sobre a fome no território palestino e imagens de crianças desnutridas, Trump contradisse pela primeira vez o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao dizer que "há fome de verdade" na Faixa de Gaza.
A fala representou uma quebra na posição oficial dos EUA em relação a Israel, seu maior aliado no Oriente Médio, e ao modo como o país tem lidado com a crise humanitária em Gaza. Parceiros, até então, os dois países tinham um discurso totalmente alinhado desde o início da guerra, em outubro de 2023.
"Precisamos cuidar das necessidades humanitárias do que um dia se chamou Faixa de Gaza (...) Podemos salvar muita gente. Algumas dessas crianças... é uma fome real, eu vejo isso, não dá para fabricar. Vamos nos envolver ainda mais. O primeiro-ministro [Starmer] vai nos ajudar", afirmou o presidente americano ao lado do premiê britânico, Keir Starmer.
Criança desnutrida é tratada em Gaza
HAITHAM IMAD/EPA-EFE/Shutterstock
Os EUA são o maior fornecedor de armamentos a Israel e estão envolvidos no conflito desde o início. Os americanos também integram a controversa distribuição de alimentos tutelada por Israel, em que centenas de palestinos morreram ao buscar alimentos.
Perguntado se concordava com a afirmação de Netanyahu, que nesta segunda disse "não haver fome ou política [israelense] de fome em Gaza", Trump negou. Israel tem recebido crescentes críticas da comunidade internacional nos últimos dias. Segundo a ONU, a situação atual dos palestinos é um "show de horrores".
"Não sei. Quer dizer, com base no que vejo na televisão, eu diria que não exatamente, porque aquelas crianças parecem muito famintas. Mas estamos enviando muito dinheiro e muita comida, e outras nações também estão começando a ajudar. (...) Quero que Israel se certifique de que as pessoas recebam comida", disse Trump.
Trump disse também que criará "centros de alimentação" em Gaza com a ajuda de países aliados, porém não especificou quais nações se juntariam aos EUA e também não deu mais detalhes sobre a implementação desses centros.
"Vamos trabalhar juntos para criar centros de alimentação em Gaza, onde as pessoas possam entrar [e comer], sem barreiras ou cercas. Hoje em dia elas veem a comida a uma distância, e há cercas e nem conseguem chegar a ela. Está uma loucura por lá", afirmou Trump em encontro com o premiê britânico.
Entrada de ajuda em Gaza e posição de Israel
Caminhões carregando ajuda humanitária entram na Faixa de Gaza a partir do Egito pela passagem de Rafah, no sul do território palestino, em 28 de julho de 2025.
Reuters
Desde domingo (27), Israel anunciou que fará pausas diárias em sua ofensiva em algumas áreas de Gaza para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Rotas seguras para comboios que entregam alimentos e remédios estarão ativas durante o dia e fecharão durante a madrugada, segundo a pasta.
O governo israelense, até então, justificava o bloqueio à entrada de ajuda afirmando que ele buscava impedir que recursos caíssem nas mãos do Hamas, e culpava a ONU pela lentidão na distribuição. No entanto, organizações internacionais denunciam restrições impostas pelas Forças de Defesa de Israel, que teriam proibido a operação de agências humanitárias em diversas áreas do território.
Segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas, 127 pessoas já morreram de desnutrição desde o início da guerra, incluindo 85 crianças.
Israel divulga imagens de lançamento aéreo de ajuda humanitária em Gaza
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando um ataque terrorista do Hamas no sul de Israel matou mais de 1.200 israelenses e 251 foram levados reféns para Gaza.
Desde então, a ofensiva israelense em Gaza matou quase 60 mil palestinos —em sua maioria mulheres e crianças, segundo dados de autoridades de saúde locais chancelados pela ONU— e reduziu grande parte do enclave a escombros e deslocou quase toda a população.