Trump anuncia fim de negociações com o Canadá e ameaça aumentar tarifas contra o país
27/06/2025
(Foto: Reprodução) Medida é uma resposta ao imposto sobre serviços digitais aplicado por Ottawa que atinge empresas de tecnologia norte-americanas. O republicano afirmou que a nova taxa sobre produtos canadenses deverá ser divulgada nos próximos sete dias. Donald Trump e Mark Carney durante encontro da cúpula do G7, no Canadá, em 16 de junho de 2025.
Reuters
O presidente Donald Trump afirmou na sexta-feira (27) que os Estados Unidos encerraram as negociações comerciais com o Canadá. A medida é uma resposta ao imposto sobre serviços digitais aplicado pelos canadenses a empresas de tecnologia — o que atinge companhias norte-americanas. (leia mais abaixo)
Em um post nas redes sociais, o republicano classificou a taxa do país como "um ataque direto e flagrante" contra os EUA. Ele também disse que o Canadá é "muito difícil para fazer comércio" e citou que o país estaria cobrando tarifas de 400% de agricultores norte-americanos.
"Com base nesse imposto abusivo, estamos, por meio deste, encerrando TODAS as discussões sobre comércio com o Canadá, com efeito imediato", escreveu Trump.
"Informaremos ao Canadá a tarifa que eles pagarão para fazer negócios com os EUA dentro dos próximos sete dias", acrescentou.
A decisão de Trump volta a ameaçar a relação entre os países, após um período de relativa calma. Em junho, durante reunião no G7, o republicano e o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, chegaram a um entendimento para concluir um novo pacto econômico no prazo de 30 dias.
O Canadá é um dos principais parceiros comerciais dos EUA. Só em 2024, a relação bilateral totalizou US$ 762 bilhões.
As exportações dos EUA para o Canadá chegaram a US$ 349,4 bilhões.
As exportações do Canadá para os EUA atingiram US$ 412,7 bilhões.
Com isso, o saldo da balança foi negativo em US$ 63,3 bilhões para os norte-americanos.
O imposto canadense de 3% sobre a receita de serviços digitais vale desde 2024, mas os primeiros pagamentos começarão na segunda-feira (30). A medida afeta empresas de tecnologia que recebam mais de US$ 20 milhões de usuários do país em um ano, o que inclui Google, Meta e Amazon.
Por se tratar de uma taxa retroativa (a contar de 2022), empresas norte-americanas estão se preparando para pagar US$ 2,7 bilhões ao governo canadense, segundo um grupo comercial de grandes empresas de tecnologia, informou o jornal norte-americano The New York Times.
A imposição de taxas pelos EUA está alinhada com a postura de Trump de tarifar seus principais parceiros comerciais. São países e produtos que os EUA têm déficit na balança comercial — ou seja, gastam mais com importações do que recebem com exportações.
Segundo Trump, a imposição de tarifas busca enfrentar déficits comerciais e questões nas fronteiras — especialmente em ações contra Canadá, México e China —, incluindo a passagem de migrantes irregulares e o tráfico de fentanil, um anestésico 50 vezes mais viciante que a heroína.
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Prazo para negociação de tarifas
Trump afirmou nesta sexta-feira que a data final para negociações das chamadas "tarifas recíprocas" ainda não está completamente definida e disse que gostaria de encurtar o prazo.
"A data de 9 de julho não é fixa, podemos fazer o que quisermos. Podemos estender [o prazo], podemos encurtar. Eu gostaria de encurtar", afirmou durante entrevista a jornalistas.
Em abril, pouco tempo após o anúncio de seu tarifaço, o republicano voltou atrás e anunciou a suspensão das taxas por 90 dias — prazo que deveria terminar em 9 de julho. Desde então, os EUA têm tentado firmar acordos com vários de seus parceiros comerciais, mas sem sucesso.
Até o momento, apenas dois acordos foram firmados: um com o Reino Unido e um com a China, que ainda precisa do aval de Trump e do presidente chinês, Xi Jinping.
Nesse último caso, a última atualização acontecer na quinta-feira (26), quando os EUA anunciaram que chegaram a um consenso com a China para acelerar o envio de terras raras produzidas no país asiático.
Mais cedo, no entanto, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, fez uma declaração totalmente contrária à de Trump, em entrevista à Fox News.
Segundo Bessent, o prazo poderia ser estendido para permitir a conclusão dos acordos, sugerindo que os tratados poderiam ser finalizados até o Dia do Trabalho nos EUA, comemorado em 1º de setembro.