'Corroborar', 'assertivo'... 10 erros da língua portuguesa que são comuns em reuniões e e-mails de trabalho

  • 02/07/2025
(Foto: Reprodução)
Na tentativa de 'falar bonito' e de impressionar seu chefe, vem aquela tentação de usar uma palavra com a qual você não tem tanta intimidade. Veja quais os 'escorregões' mais comuns. Corroborar, assertivo: 4 'escorregões' erros de português comuns no mundo corporativo "Vamos corroborar com a equipe de marketing, pessoal!" "O diagnóstico enviado pelos consultores foi muito assertivo, porque não teve nenhum erro." "Depois de tantas imprecisões, vamos ter de ratificar a nota fiscal." "Vamos mitigar o assédio moral na empresa." "Aquele funcionário possui dificuldade em gerar relatórios." As cinco frases acima poderiam ter aparecido em uma reunião no escritório, em um e-mail corporativo ou em um post no LinkedIn — e talvez até soassem sofisticadas à primeira vista. Mas, atenção: todas elas contêm "escorregões" na língua portuguesa. Entenda cada um nesta reportagem. ➡️Na tentativa de "falar bonito" e de impressionar os colegas, é comum: trocar os significados de palavras parecidas; elaborar frases com erros de concordância; usar expressões que parecem formais, mas que são gramaticalmente equivocadas. Cassiano Butti, docente do Departamento de Ciências da Linguagem da PUC-SP, explica que esses deslizes indicam uma certa insegurança do falante. "Alguns desses casos podem ser chamados de 'hipercorreções'. A pessoa quer mostrar que sabe algo, mas não é proficiente na língua e acaba cometendo esses 'exageros'. Ela quer fazer com que o outro acredite que ela tem total domínio [deste vocabulário elaborado]", diz. LEIA TAMBÉM: Faça quiz e veja de quantos erros da língua portuguesa você consegue escapar ✏️Em vez de arriscar, o melhor é "apostar no simples", aconselha o professor de português Sérgio Nogueira. Depois, com mais tempo, é possível pesquisar no dicionário ou na internet algum sinônimo que pareça mais elaborado, caso prefira. Observação: Ninguém deve ser desvalorizado ou discriminado pela sua forma de falar ou de escrever. O objetivo desta reportagem é explicar como se manter alinhado à variante padrão da língua, especialmente em contextos formais — e garantir que a informação seja transmitida de forma clara. Abaixo, veja exemplos de inadequações comuns na rotina de quem vive em reunião (nosso foco será somente o português, sem "coffee breaks" e "brainstorms"): 1- CORROBORAR (como se fosse "colaborar") Corroborar = confirmar, comprovar. ❌ "Vamos corroborar com a equipe de marketing, pessoal!" ✅"Vamos colaborar com a equipe de marketing, pessoal!" 2- ASSERTIVO (como se fosse "acertar") Assertivo = que expressa sua opinião com firmeza e respeito. ❌ "Ele foi assertivo ao responder todas as perguntas corretamente na prova." ✅ "Ele foi muito assertivo ao dar seu ponto de vista na reunião." 3- RATIFICAR X RETIFICAR (confundidos entre si) Ratificar = confirmar, validar. // Retificar = corrigir algo. ❌ "Precisamos ratificar o contrato aprovado ontem, porque contém erros." ✅ "Precisamos retificar o contrato aprovado ontem, porque contém erros." E: ❌ "Ela retificou sua folga de amanhã. Bom descanso!" ✅ "Ela ratificou sua folga de amanhã. Bom descanso!" 4- MITIGAR (como se fosse diminuir) Mitigar = suavizar, amenizar o impacto de algo negativo. ❌ "Vamos mitigar os preços para aumentar as vendas." ✅ "Vamos mitigar os danos causados pela crise econômica." 5- TER E POSSUIR (usados como sinônimos, mas nem sempre são) Ter = é mais amplo; indica dispor de algo, ser dono ou estar em posse de um objeto ou característica naquele momento. Possuir = é mais enfático e está ligado à ideia de posse legal, jurídica ou permanente de algo. ❌ "Ele possui febre desde ontem." ✅ "Ele tem febre desde ontem." DESVIOS GRAMATICAIS Sala de reunião Vex Construções Agora, um bônus: os professores Sérgio Nogueira e Cassiano Butti listaram outras inadequações na língua portuguesa que são comuns no mundo corporativo (e que acabam sendo repetidas no dia a dia). Na lista abaixo, os exemplos são relacionados a questões gramaticais: 1- Uso inadequado do verbo 'fazer' para indicar tempo: ❌ Errado: "Fazem cinco anos que estou na empresa". ✔️ Correto: "Faz cinco anos que estou na empresa". Explicação: O verbo "fazer" no sentido de tempo é impessoal e, portanto, deve ser usado sempre no singular. 2- Flexão indevida do verbo 'haver' no sentido de existir: ❌ Errado: "Houveram muitas reuniões". ✔️ Correto: "Houve muitas reuniões". Explicação: O verbo "haver", no sentido de existir ou acontecer, é impessoal e deve ser usado sempre no singular, mesmo que se refira a múltiplos eventos ou objetos. 3- Discordância com o pronome "nenhum": ❌ Errado: "Nenhum dos candidatos desistiram." ✔️ Correto: "Nenhum dos candidatos desistiu." Explicação: O pronome "nenhum" é singular, e o verbo deve concordar com ele. 4- Conjugação incorreta de verbos derivados (como 'vir' e 'ter'): ❌ Errado: "Quando nós revermos o contrato". ✔️ Correto: "Quando nós revirmos o contrato". Explicação: Verbos derivados de "vir" (como "intervir", "convir") ou "ter" (como "manter", "deter") seguem a conjugação de seus verbos base. Assim, devemos dizer, na norma padrão: "se nós mantivermos"; "quando eles intervierem". 5- Falta de concordância em expressões de acompanhamento: ❌ Errado: "Segue anexo os documentos". ✔️ Correto: "Seguem anexos os documentos" ou "Seguem, em anexo, os documentos". Explicação: Tanto o verbo "seguir" quanto o termo "anexo" devem concordar em número e gênero com o substantivo a que se referem ("os documentos"). Até existe a possibilidade de escrever "em anexo" — mas, ainda assim o "seguir" deve ir para o plural. 📝Algo pode mudar com o tempo? Sim. A língua é dinâmica e está em constante movimento. "O português que eu ensinava antes não é o mesmo que ensino hoje. As regras mudam, e novas formas podem ser aceitas", diz Nogueira. Veja só um exemplo de possível alteração da norma: tradicionalmente, o verbo "adequar" é defectivo, ou seja, não é conjugado em todas as formas. No presente do indicativo, teríamos apenas: "nós adequamos"; "vós adequais". Portanto, não seria correto escrever "eu adéquo", segundo a gramática normativa — o ideal seria substituir por um verbo sinônimo, como "eu adapto", "eu ajusto". Mas já vemos um nítido movimento para que essa regra mude: o dicionário Houaiss, por exemplo, já aceita a conjugação completa, tanto no presente do indicativo (coluna da esquerda) quanto no presente do subjuntivo (coluna da direita): Eu adéquo que eu adéque Tu adéquas que tu adéques Ele adéqua que ele adéque Nós adequamos que nós adequemos Vós adequais que vós adequeis Eles adéquam que eles adéquem ✏️Ou seja: fique sempre de olho no g1 Educação para entender o constante movimento da língua portuguesa e não perder nenhuma atualização! Vídeos Problemas na alfabetização: o que é fluência leitora e por que ler devagar é preocupante

FONTE: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2025/07/02/10-erros-da-lingua-portuguesa-comuns-em-reunioes-e-e-mails-de-trabalho.ghtml


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