Como surgiu o meme do 'TACO', usado agora por brasileiros para provocar Trump

  • 31/07/2025
(Foto: Reprodução)
Antes de a sigla se firmar, essa tendência de Trump já era reconhecida por termos como "recuo", "ziguezague" ou "flip-flop" Getty Images via BBC O termo "TACO" foi um dos mais usados por brasileiros nas redes sociais nesta semana. A sigla, que resume a expressão Trump Always Chickens Out ("Trump sempre amarela", em tradução livre), ganhou força por meio de memes após os Estados Unidos imporem novas sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e a aproximação do início do tarifaço contra produtos brasileiros. A enxurrada de piadas e montagens transformou "TACO" em um dos sete termos mais usados no X (antigo Twitter) no Brasil na última semana. Usuários brasileiros adaptaram o apelido para ironizar a postura agressiva do ex-presidente americano, sugerindo que, mais uma vez, ele poderia acabar voltando atrás. Outro fator que contribuiu para a expressão ganhar novo fôlego foi a aplicação de sanções individuais do governo dos EUA contra Moraes com base na Lei Magnitsky — uma das legislações mais duras de Washington para punir autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos. A medida foi publicada no site oficial do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros. Há três consequências principais para quem é colocado na lista de sancionados pela legislação: proibição de viagem aos EUA, congelamento de bens nos EUA e proibição de qualquer pessoa ou empresa nos EUA de realizar transações econômicas com o indivíduo penalizado. Moraes já estava impedido de entrar em território americano. O secretário de Estado americano, Marco Rubio, já havia anunciado, em 18 de julho, a revogação do visto do ministro, seus familiares e "aliados" — sem detalhar quem são esses. Em nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou a sanção como uma "interferência externa inaceitável" no Judiciário brasileiro. O STF também se manifestou em defesa do ministro, afirmando que todas as decisões de Moraes na ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro foram confirmadas por meio de votação com os demais membros da Corte. A origem do 'TACO' O termo TACO foi criado em maio de 2025 por Robert Armstrong, colunista do jornal britânico Financial Times, e rapidamente se espalhou por Wall Street (o principal centro financeiro dos Estados Unidos), ganhando força como piada entre investidores e analistas de mercado. A expressão se refere a um suposto padrão observado desde o primeiro mandato de Donald Trump: o anúncio de medidas agressivas, especialmente na política comercial, seguido por recuos ou suavizações estratégicas. Armstrong publicou a expressão em um artigo da série Unhedged ('Sem cobertura'), onde apontava que o governo dos EUA demonstrava "baixa tolerância a pressões econômicas e do mercado" — e que, diante de impactos negativos, tendia a voltar atrás. Ele chamou isso de "a teoria do Taco": Trump Always Chickens Out. O chamado "TACO trade" virou uma estratégia entre investidores que compravam ações em queda logo após anúncios de tarifas, prevendo que o governo recuaria em breve — o que geralmente acontecia, impulsionando o mercado de volta para cima. LEIA TAMBÉM: 'TACO': expressão 'Trump Sempre Amarela' viraliza nos EUA; presidente se irrita e fala em 'maldade' Antes de a sigla se firmar, essa tendência de Trump já era reconhecida por termos como "recuo", "ziguezague" ou "flip-flop". Operadores do mercado chamavam o comportamento de "Trump put", fazendo uma referência ao instrumento financeiro put option, usado para limitar perdas, numa analogia à forma como o próprio presidente "protegida" o mercado mudando de ideia sempre que a reação era negativa. O termo TACO também foi referenciado após decisões sobre tarifas contra a China e a União Europeia. Um exemplo citado pela jornalista Katie Martin, também do Financial Times, foi a suspensão repentina dos chamados "Liberation Day Tariffs" (tarifas anunciadas para entrar em vigor em uma data simbólica, o "Dia da Libertação"), que foram canceladas apenas uma semana após seu anúncio. Outro caso foi o recuo de Trump na tentativa de demitir o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, além da promessa de reduzir tarifas sobre a China durante negociações comerciais. Segundo a repórter Shannon Pettypiece, da NBC News, Trump ameaçou dezenas de tarifas durante seu governo, mas cumpriu apenas uma parte delas. "Embora ele tenha de fato imposto medidas de impacto, ameaçou muito mais do que realizou", escreveu. Trump se irrita ao ser questionado sobre o termo ‘TACO’ O início do tarifaço O presidente Donald Trump assinou na última quarta-feira (30) uma ordem executiva confirmando a adoção de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros vendidos aos EUA. A ordem, porém, lista quase 700 produtos que ficarão isentos da tarifa. Vários deles estão entre os principais produtos brasileiros exportados para os EUA, como suco de laranja, aeronaves e petróleo. As tarifas entrarão em vigor em sete dias, em 6 de agosto. Antes, estavam previstas para valer a partir de 1° de agosto. "A ordem considera que a perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivados pelo Governo Brasileiro contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores constituem graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de Direito no Brasil", diz a nota da Casa Branca. No processo contra Bolsonaro à que a nota se refere, o ex-presidente é acusado de tentar dar um golpe de Estado após perder a eleição para Luiz Inácio Lula da Silva. Ele nega a acusação. A nota diz ainda que membros do governo brasileiro têm agido para "coagir, de forma tirânica e arbitrária, empresas americanas [de redes sociais] a censurar discursos políticos, remover usuários da plataforma, entregar dados sensíveis de usuários americanos ou alterar suas políticas de moderação de conteúdo". Em pouco mais de seis meses de governo, Trump anunciou tarifas contra praticamente todos os parceiros comerciais americanos. O governo estabeleceu uma alíquota mínima de 10% para as tarifas de importação, mas alguns países tiveram taxas específicas definidas. *Com informações de reportagem de Julia Braun e Luiz Fernando Toledo

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/07/31/como-surgiu-o-meme-do-taco-usado-agora-por-brasileiros-para-provocar-trump.ghtml


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