Arrecadação federal soma R$ 230,2 bilhões em maio deste ano, maior valor para o mês em 30 anos
26/06/2025
(Foto: Reprodução) Resultado é novo recorde para o mês na série histórica e representa um crescimento real de 7,7% em relação ao observado no mesmo mês do ano passado. Haddad e Lula durante promulgação da reforma tributária
CLÁUDIO REIS/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO
A arrecadação do governo federal com impostos, contribuições e outras receitas totalizou R$ 230,2 bilhões em maio deste ano, informou a Receita Federal nesta quinta-feira (26).
O resultado representa um crescimento real (já descontado a inflação) de 7,7% em comparação ao mesmo mês do ano passado, quando o governo conseguiu arrecadar R$ 202,97 bilhões.
O número também renova a maior arrecadação já registrada para meses de maio desde o início da série histórica, iniciada em 1995. Essa foi a primeira divulgação dos dados de arrecadação deste ano, por conta da greve dos servidores enfrentada pelo Fisco.
No acumulado de janeiro a maio, a arrecadação do governo federal totalizou R$ 1,2 trilhão, uma alta real de cerca de 4% em comparação aos cinco primeiros meses do ano passado, quando somou R$ 1,1 trilhão.
Segundo a Receita Federal, o desempenho positivo foi influenciado pela atividade macroeconômica, pela maior arrecadação do Imposto de Renda sobre ganhos de capital — que, por sua vez, é influenciado pelo aumento da taxa básica de juros (Selic) nos últimos meses — e pelo desempenho dos tributos do comércio exterior.
Nesse último caso, de acordo com o coordenador de previsão e análise da Receita Federal, Marcelo Gomide, há três fatores que reforçam esse desempenho positivo: o maior volume de importações, a taxa de câmbio média mais alta e o avanço das alíquotas médias em relação ao Imposto de Importação (II) e ao Imposto de Produtos Importados (IPI) vinculado.
"Isso não significa que a gente aumentou as alíquotas dos produtos, mas que, na cesta de comparação, os contribuintes estão preferindo comprar produtos que estão sendo taxados a alíquotas mais altas", afirmou Gomide, durante entrevista a jornalistas nesta quinta-feira.
O Fisco também destacou que, diferente do ano passado, não houve nenhum fator atípico — ou seja, fora do comum — que tenha influenciado a arrecadação.
"No ano passado, tivemos o imposto de renda sobre os rendimentos de capital, decorrente da tributação de fundos exclusivos, e também tivemos a postergação do pagamento de tributos para os contribuintes do Rio Grande do Sul", explicou o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros do Fisco, Claudemir Malaquias.
Em derrota para o governo, Câmara aprova derrubada de decretos que elevam IOF
Os efeitos do IOF
Segundo os auditores fiscais da Receita, ainda não é possível saber exatamente quanto o governo deixará de arrecadar após a derrubada do decreto que aumentava a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Na noite da véspera, o Senado derrubou três decretos presidenciais que mudavam a cobrança do IOF, confirmando a decisão tomada mais cedo pela Câmara dos Deputados. A perda de arrecadação deste ano era estimada em R$ 10 bilhões.
A medida impôs uma derrota expressiva ao governo. Segundo o Ministério da Fazenda, sem o IOF mais alto, será necessário ampliar o bloqueio de gastos no Orçamento de 2025 para evitar o descumprimento da meta fiscal.
De acordo com Malaquias, do Fisco, a área jurídica da Receita e do Ministério da Fazenda ainda precisarão fazer uma análise do decreto — que ainda deve ser promulgado — para avaliar quais os efeitos da decisão.
"Assim que sair o decreto legislativo, vamos fazer a aferição precisa da arrecadação entre o período que [o decreto] vigorou e o que vai deixar de vigorar. Só aí teremos os efeitos precisos do impacto da decisão", afirmou, reforçando que o esperado é que a estimativa de arrecadação vai diminuir.